sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Wuthering Heights, O morro dos ventos uivantes

Se pudesse fazer uma pergunta a algum escritor que já passou desta para outra, meu escolhido seria certamente a inglesa Emily Brönte. A ela faria a seguinte pergunta: donde tirastes inspiração para escrever este romance tão maravilhosamente sádico sombrio?

O livro que me refiro foi o único romance escrito por Emily (e que vale mais que muitas antologias por ai): Wuthering Heights, O morro dos ventos uivantes.

É o livro de romance menos romântico que já li na vida e em temática de matérias de amor com fim trágico é Hors concours sem a menor sombra de dúvida (à quiza de comparação, Romeu e Julieta tem um final alegre e pueril, se comparado).

Embora seja possível extrair muitos elementos da narrativa, me concentrarei em seus personagens principais: Catherine e Hathcliff. Não só pela personalidade de amos, mas porque nada demonstra tão bem quanto o relacionamento dos dois a seguinte verdade: o amor nem sempre faz bem.

Catherine e Hathcliff são, respectivamente,a encarnação do egoísmo e da maldade: ela é mimada,voluntariosa, egocêntrica,interesseira que crê piamente que o universo gira sobre o seu umbigo. Ele por sua vez é a personificação da maldade, da rudeza, da selvageria. Em comum estes dois tem duas coisas: o temperamento feroz que não admite a mínima contestação e um amor sobrehumano que sentiam um pelo outro e que destruía sem titubear qualquer um que se atrevesse a atrapalha-los. Ninguém os suportava individualmente e,no fundo, também tinham medo dos dois.


Ironicamente, este amor foi a causa da vida miserável e a morte igualmente miserável que tiveram: Cathy se casa com Edgar (uma dos personagens mais sem amor-próprio que já vi) para se consolar da fuga de Hathcliff, o que acaba por torna-la mal-humorada, frágil e rabugenta. De tanto pensar no verdadeiro amado (Ela mesma dizia: “Hathcliff, sou eu”) acaba louca e morre no parto. Hathcliff não suporta a morte da amada,tornando-se um homem profundamente amargo e ainda mais frio e diabólico. Seu já sentimento de vingança acaba por se tornar o objetivo único de sua vil existência, destruindo a vida de todos que cercavam o antigo casal, ou seja,sobreviveu com o único intento de levar sofrimento aos outros.

Entre as vítimas das maldades de Heathcliff estavam a filha de Cathy, que também tinha o mesmo nome da mãe e o próprio filho de Heathcliff com a irmã de Edgar.

No fim, o próprio Hathcliff reconhece que ter vivido senão para destruir a vida dos que o tinham humilhado não levo-o a satisfação que pretendia. Morre ao lado do túmulo de Catherine.

Sem querer parafrasear livros teen,mas a frase de Bella Swan em "Eclipse resume bem a situação: "a única qualidade redentora dos personagens é o amor que eles sentem um pelo outro.

No fundo a obra fala de um amor cruel que não teve oportunidade de ser vivido em sua plenitude, monstrando um conhecimento profundo do sado-masoquismo - que era exatamente o tipo de amor que um sentia pelo outro


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Veritas

Juro que nunca entendi o porque das pessoas amarem tanto a verdade,afinal se ela fosse assim tão boa não nos esforçaríamos tanto para esconde-la com freqüência. Eu pessoalmente sou um partidário do que chamo de “Verdade seletiva”: se não é contrário a lei e não é do meu extremo interesse, se houver necessidade de mentir não me importo que me ocultem a verdade. Se me perguntarem qual a diferença entre uma mentira e uma MENTIRA diria que uma boa dose de bom senso e sinceridade interna de dá a resposta.

Há quem diga que eu prefiro viver na ilusão, que não quero encarar a realidade nua e crua. A questão meus caros é muito simples: para que? Para que piorar ainda mais uma realidade “nua e crua” se eu posso me dar ao luxo de dar tons róseas a ela? Para que me torturar quando é desnecessário?

Verdade demais é masoquismo. Masoquismo não, melhor seria dizer egoísmo por parte das pessoas que não conseguem suportar o fardo de carrega-la sozinhos e precisam de um companheiro para suportar conjuntamente. Para os adeptos da “verdade nada além da verdade” se eles não podem viver numa bolha cor-de-rosa, a ninguém mais é dado este direito.

Não me entendam mal. Eu não acho que se deva mentir o tempo todo, mas a mentira dosada deve ser sim parte de nosso dia-a-dia. Acho que o outro nome da franqueza excessiva poderia ser “falta de educação”, ou na língua da plebe, falta de tomar simancol. Todos mentem e todos sabemos disso, apenas não nos conformamos com este aspecto totalmente natural da nossa humanidade.

Finalizando me lembrei de um trecho do livro “Memórias da Emília” onde a mesma, a certa altura solta algo mais ou menos assim: “a verdade nada mais é que uma mentira bem contada da qual ninguém desconfia”. Não chega a tanto, mas quase.

sábado, 26 de junho de 2010

Amnistia Internacional

Eu sempre tive certa desconfiança com a Amnistia Internacional, órgão que considero – no mais elogioso dos termos – uma capenga tentativa de levar justiça e voz aos cidadãos do globo. Pois bem, eis que a AI resolve por como alvo uma de suas nações “favoritas”: o Brasil.

Além de defender nossos criminosos, o grupo paraestatal que atente por MST, índios separatistas, agora eles resolveram atacar uma decisão (legítima, autônoma e democrática) do STF de manter a Lei da Anistia.

Meus caros, sabemos que no Brasil nem a ditadura foi uma coisa séria, podendo realmente ser considerada uma “ditabranda”. O número total de mortos é o que os militares argentinos chamariam de “uma semana fraca”; o COI-DODI era um passeio ao parque comparado a uma ida a ESMA; a chamada de Estado civilizado era quase isso, a maior parte da população vivia sem ter a impressão de se estar numa ditadura, não por alienação social, mas porque realmente não parecia!

Óbvio que ditaduras são sistemas repressores que devem ser abolidos, monstros, mas a nossa não foi à monstruosidade-mor que as dos nossos vizinhos foi; então menos barulho, por favor. Achei até simpática esta lei, que anistiava inclusive os grupos de esquerda, pseudo-intelectualizados, que tudo que desejavam era impor uma ditadura “a la Stalin”.

Outro ponto é a profunda “eurocentralização” da AI. É um órgão europeu, dirigido por europeus, que dizem o que é ou não direitos humanos segundo a óptica européia, sem levar em conta outras visões. Um simples exemplo é que eles criticam ferrenhamente a pena de morte –proibidas na Europa- mas sobre os abortos – legais em quase toda a Europa- nem um piu. Não é aborto assassinato? Não atenta contra a dignidade da pessoa humana? Pois bem, se a Europa acha que não, é justo PARA ELES. Impor esta visão a outros povos é uma volta ao século XIX; não precisamos mais do “fardo do homem branco”.

Me recuso a viver sob uma lei internacional, uma vez que a visão de ética, justiça entre outros fatores, varia de país para país. Não existe um direito internacional consistente pelo simples fator de que não há uma visão realmente única sob todos os temas. A nobre exceção de alguns casos – como tortura, julgamentos parciais, falta de liberdade de expressão – a maioria esmagadora das questões legais não é homogênea e varia muito de sistema para sistema.

Assim, vejo como ilegítima as reclamações da AI contra a Lei da Anistia feitas por Tim Cahill, o responsável pelo Brasil nos assuntos da Ai, que alias, é um britânico. O mundo realmente é europeu.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Aos Marxistas da língua

A onda do politicamente correto -o coqueluxe pós-segunda Guerra disseminado pelos norte-americanos - atingiu praticamente todos os aspectos sociais: não podíamos dar um passo sem ter o cuidado de não ofender a nenhuma "minoria subjulgada pelos brancos malignos";setenta anos depois ainda vivemos neste mesmo estado hipócrita sem que faz de tudo um apartheid em potencial.
Mas não vim falar do politicamente correto geral, vim falar de um que atinge um aspecto mais específico:a língua.Caríssimos, eu estou longe de dominar com maestria o idioma de Camões, vez que não falo "Assisti ao filme" ou "De-me o livro"e tenho certeza que este mesmíssimo texto não passaria inóculo por um exame gramático castiço; mas sou obrigado a reconhecer que sim, existe um padrão que deve ser respeitado por todos.


Nossa bela língua, a última flor do lácio, é assassinada todos os dias por milhões de pessoas que receberam uma péssima alfabetização e educação em geral, e que ao invés de tentarem se esmerar, acabam por persistir no erro. Pior, eles recebem o apoio (vejam só!) de linguistas que justamente deviam ser estudiosos do idioma e que não haver uma forma errada de se falar, que tudo não passa de "particularidades",que aqueles que tentam impor um padrão são retrógrados, preconceituosos contra a fala da gente comum. Bananas para estes senhores!
Esta mania de que não a "certo ou errado", que tudo depende esta se tornando abusiva. Não que o mundo seja puramente maniqueísta, mas o inverso também não é verdadeiro! Eles ficam a defender o incorreto, mas esquecem que os matutos falam errado justamente pela pobreza - que é uma mazela não uma razão de orgulho. Se fossem a escola metade dos erros iam embora, na certa!

Talvez este texto seja encarado como preconceituoso. Vão me dizer que o rotacismo é o destino inexorável; que "eu a vi" esta fora de moda, que "viva o jeito povão de falar". Dane-se todos; se a língua é viva quem somos nós para matá-la?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Homosseuxalismo: Respeito é diferente de aceitar?

Outro dia presenciei uma discussão interessante que só hoje tive tempo de escrever sobre: Dois colegas de sala, bem assistidos, estavam discutindo sobre homofobia: minha amiga disse que respeitava os homossexuais e acreditava que eles tinham direitos, todavia seu pensamento cristão a impedia de aceitar “aquilo” como natural; meu colega, rebatendo, afirmava -não nestas palavras – que ela estava sendo hipócrita, pois é impossível não ser homofóbico e não aceitar a homossexualidade.

Prevendo (acertadamente) que aquela discussão não seguiria um rumo civilizado, me abstive de comentar qualquer coisa naquele momento, embora estivesse morrendo de vontade, e deixei para hoje.

Na minha visão respeito implica, automaticamente, em aceitação. Como se respeita aquilo que não se aceita? No mínimo se forma um paradoxo de perigosos resultados. O certo é que ninguém é obrigado a concordar com o estilo de vida de outrem, bem como ninguém é forçado a gostar,conversar ou compartilhar o mesmo espaço com outras pessoas; mas é sim obrigado a ACEITAR aqueles que são diferentes, por mais que o senhor Jean-Paul Sartre estivesse certíssimo em sua afirmação: O inferno são os outros.

Quando ela diz que o estilo de vida do homossexual não é normal ela esta tacitamente afirmando que eles não tem espaço na dita “sociedade normal”, que sua “bizarrice” é no máximo tolerada enquanto se mantiver oculta e se impondo uma auto-vergonha.

Mil perdões cara amiga mas discordo de ti. O fato de,por exemplo, eu ser radicalmente contra a doutrina marxista não significa que eu pense que eles não tenham direito de existir; eu ACEITO que eles tem direito a livre expressão, e para tanto sou obrigado a RESPEITÁ-LOS.

Infelizmente vivemos numa sociedade bem atrasada, hipócrita e ignorante que se não fosse tão imitadora da cultura americana e européia inclusive em comportamentos sociais acabaria por ser tão atrasada quanto a África ou o Oriente Médio – onde homossexualidade é crime. Já é tempo de aceitá-los em sua integridade, visto que são 15% da população, e não fechar os olhos a esta realidade social. Do contrário seremos como na letra de Caetano Veloso: “Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto/ chamei de mau gosto o que vi/ de mau gosto, mau gosto/ é que Narciso acha feio o que não é espelho”

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Meus dias anti-orkut

Se existe uma moda que chegou para ficar no nosso belo país tupiniquim é o Orkut: com mais de 50 milhões de usuários no país (15 a 20% fakes) esta rede social nos contagiou, possibilitando que pessoas que não vemos a anos, que moram longe ou aquelas das quais não podemos estar juntos com a devida freqüencia se mantenham em contato. Porém, como toda moda, ela trouxe as infelizes “modinhas” a tira colo e que testam a nossa boa vontade todos os dias.

Não que eu seja, em absoluto, contra elas. Eu também tenho um foto no espelho do banheiro, vez ou outra escrevo o nome do profile com letras “exóticas” e, uma única vez, coloquei um nome ridículo no lugar da cidade correta. Mas tudo tem um limite razoável e estas modas estúpidas também. Listo o que eu considero, não necessariamente nesta ordem, as cinco piores “modinhas” do orkut:


  1. Tirar foto do abdômen definido: meus caros congeneres, se existe algo ridículo sobre fotografias do Orkut é tirar foto onde o seu “tanquinho” é o centro das atenções – pior se for apenas dele. Além de depor contra a sexualidade do malhado, quem quer ver os resultados de suas horas na academia e/ou injeções de esteróides? Mesmo as mulheres, depois de uma olhada cheia de segundas intenções, se cansam depois da quinta foto do seu colón. Que tal dar uma disfarçada tirando fotos na praia ou no clube?

  2. Fotos de Rayban dentro de casa: ainda sobre as fotos, existe um hábito irritante, especialmente por parte delas, te tirar fotos com óculos escuros dentro de casa. Já passou pela mente dessas infortunadas que só se usa esse tipo de óculos em ambientes internos quem tem conjuntivite?

    (ps. Caso você tenha tirado uma foto assim estando com conjuntivite,favor desconsiderar este item)

  3. Citações de clássicos de forma vazia: pessoalmente uma das que mais me irritam,chega a me fazer detestar a inclusão digital! Gente que nunca leu uma linha de Fernando Pessoa ou Shakespeare repentinamente parecem especialistas! Frases como “Pedras no caminho?Guardo todas... Um dia construirei um castelo” ou “Tu te tornas eternamente responsável” por aquilo que cativas”. Além de ignorar a origem destas frases, os infelizes ainda faz com que as demais pessoas, que conhecem os livros e os autores dos ditos motes, sejam taxadas de sem criatividade caso as usem. (“It's really a fucking world”)

  4. Toda sala tem”...: interessante em seu início, é só se popularizar para que a “fubazada” deita-se e rola-se. Já devo ter visto mil versões desta coisa, uma mais tosca que a outra. Parem por favor!

  5. Analfabetismo digital: Começou no msn e migrou para o orkut. Porque é tão difícil escrever VOCÊ, QUE, BEIJOS ao invés de VC, Q,BJS. Foram tão mal alfabetizados assim?

Esta lista é meramente exemplificativa, havendo centenas de manias toscas a torto e a direito na rede. Infelizmente não iremos nos ver livres delas, só restando rir para não chorar.

domingo, 7 de março de 2010

Minha contribuição para a "Pobrologia"

Tenho uma diversão meio mórbida de tirar sarro dos politicamente corretos e dos quase onipresentes defensores dos direitos humanos – os seres mais hipócritas depois dos políticos em minha opinião. Para mim, fazer pouco deles é quase uma obrigação social, e vou repassar aqui algumas de minhas idéias, tendo como alvo os pobres.
Meus caros, a “pobrologia” (estudo dos pobres), esta muito em voga nos últimos anos, bastando ver a quantidade avassaladores de filmes e documentários pseudo-sociológicos que afloram pelo país a fora. Pois bem, eu tenho uma teoria classificatória dos pobres, que modestamente nomeei de Classificação de Erídamo.
Há cinco classes de pobres, sendo a primeira e mais relevante é aquela a qual eu mesmo me encontro e da qual não se entra por escolha: o pobre financeiro. Este nem preciso detalhar, é pobre sujeito que levanta quase absurdamente cedo e vai se deitar absurdamente tarde para ter um pouco mais que uma vida frugal; tão monótono que nem vale apena falarmos dele.
O segundo tipo de pobre é o meu favorito: o pobre nominal. É aquele coitado que teve a má sorte de ter pais extremamente criativos – e provavelmente nortistas. Na hora de dar a graça ao rebento eles nos brindam com pérolas de inspiração inglesa tais como “Djonny”, “Marlon Brandou”, “Ketelyn”, “Waldisney”; todos os “sons” possíveis tais como “Maicon Jaquison”, “Francisneidyson”, “Robinson”, “Jeferson”, “Uildison” e é claro, sempre acompanhados de um “da Silva”. Graça as nossas leis que dificultam a troca de nomes, a maioria deles será obrigada a carregar para a vida toda esses infelizes nomes.
O terceiro tipo de pobre é o pior deles: é pobre pseudo-rico. É aquela pessoa que vive na corda bamba mas sustenta uma pose de pavão; esse tipo come feijão e arrota caviar e vive tentando aparecer na mídia a qualquer custo e, no fatídico dia em que consegue , tenta até a morte perpetuar seus 15 minutos de fama. O especimen clássico desta categoria são os ex-BBBs em geral.
O quarto ultimo tipo é um exemplar muito conhecido nosso: o pobre rico. São aqueles que deram sorte e enriqueceram da noite para o dia (por meio de casamentos ou olheiros de time de futebol em geral; sua meteórica ascensão social os deixa um limbo: ricos financeiramente mais pobres em todos os outros sentidos; em geral são muito inseguros necessitando exibir sua nova condição social por meio de gastos quase pródigos e fúteis; além de sempre humilharem os pobres financeiros pois um dia foram como eles; é patética a tentativa dessa classe de apagar seu passado.
Vocês podem pensar que sou preconceituoso, mas não sou. Isso é uma critica aqueles que elevam a pobreza a um status quase que “divino”; qualquer pobreza que não seja voluntária e religiosa, tal qual a franciscana, só dificulta – ninguém em sã consciência gosta de ser pobre, não é opcional. Não a dignidade em viver em um barraco a beira de um rio fedorento de uma grande metrópole sem saber se comera naquela noite. E pobreza, como disse, não é sinal de humildade; não é desculpa para roubar e não é desculpa para não aspirar uma vida melhor através do próprio esmero educacional e profissional; o que alias me leva ao quinto tipo: o pobre por escolha e que estes pseudo-intelectuais estão disseminando por nosso país. Por este eu tenho só um sentimento: pena (e um pouco de raiva).

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Cinema: Bonequinha de Luxo (Breakfast at Tiffany's)

Novamente venho a vocês falar sobre uma de minhas paixões: filmes. O escolhido da vez é o filme que consagrou a sempre elegante e talentosa Audrey Hepburn, Bonequinha de Luxo.

É um clássico impar, 117º na lista dos 1001 filmes que devemos ver antes de morrer, embora na minha opinião esteja na verdade entre os 50 melhores. Embora hoje seja um filme para ser ver com a família incluindo criancinhas e velhinhos, na época deve ter sido um escândalo, não só porque fala da vida de uma prostituta, mas da amizade desta com um “colega” de profissão (isso mesmo, um prostituto); além de mostra quase toda cena de um strip-tease.

Holly Golightly (Audrey) é uma criança crescida: impulsiva, incrivelmente sincera e com um otimismo estremo que chega a ser inverossímil pensar que alguém realmente por ser tão sonhador. Seu sonho é ser rica, cliente da loja de jóias Tiffany’s (aliás ela toma café da manhã todos os dias em frente a loja) e ter seu querido irmão Fred de volta.

Ela encanta pela elegância,charme e alegria da personagem (que tem um gato chamado Gato) que não a abandona mesmo nas cenas mais dramáticas – que em geral tem um tom cômico.

Ela passa a ter uma amizade desinteressada que faz com seu vizinho gigolô (“escritor” como ele se vê)o e que começa a ganhar contornos de um romance, preocupando a moça, pois o amor neste caso sepultaria seu sonhos de riqueza e fortuna.

Uma doce comédia romântica de uma mulher que quer viver a vida intensamente, inclinando-se ora para a ingenuidade, ora para a futilidade. As pessoas de gostos comuns normalmente não gostam do filme uma vez que o humor é inteligente e muito sutil, sendo necessária a atenção do espectador para captar a graça e o drama – se você não é comum, vai adorar.

Erídamo E. d'Aquilla

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O famigerado Acordo Ortográfico

O acordo ortográfico que tanto prometia unificar a escrita da língua a mais de 100 anos separadas fez um ano e, como era de se esperar, nada mudou. Os portugueses ou se recusam terminantemente a adotar o acordo (em nome dos brios nacionais) ou fazem ouvidos de mercador.
Nas terras lusitanas acredita-se que, caso cedam ao dito acordo, estariam cedendo ao português tupiniquim, falado aqui nas nossas terras tropicais, matando a sua tão amada última flor do lácio.
É fato (ou facto para eles) que o acordo muda mais palavras faladas lá que cá, mas muda o que na prática meus caros patrícios? Será que a perda de umas consoantes mudas (e inúteis) e outras pequenas modificações iria realmente mudar vosso modo de falar? Duvido que Portugal passaria a falar açougue ao invés do seu “talho”, ou suco ao invés de “sumo”. Isso é frescura de uma meia duzia de puristas que a semelhança dos seus pares do inicio do século XX recusam o progresso e se prendem ao passado de forma quase doentia. E da mesma forma que os antigos, esses novos passaram, afinal quem hoje se mantém escrevendo “phrase” ou “Theatro”?


Aqui no Brasil, onde apenas 5% fala e escreve o português de forma correta, esse acordo também irrita, em vista que nossas alterações são muito mais sutis e por isso mesmo fáceis de se esquecer. Esse texto mesmo que vos escrevo deve conter vários novos “erros” se levarmos em conta este acordo.Aliás, o acordo em si tem muitas falhas, muitas dupla grafias, muitos problemas reais deixados de fora, embora não negue que ele já ajudar. Nas palavra de do professor Evanildo Bechara: “O acordo não é ótimo, mas é bom”.
(Entre parenteses: Fala-se das variantes do Brasil e de Portugal, sobre duplas grafias do Brasil e em Portugal, mas e nossos irmãos Lusófonos da África e da Ásia?Embora adotem a norma européia, eles possuem significativa diferença entre o nossa variante americana e a variante da Europa, alguém os ouviu?Se alguém souber, nos avise).

Erídamo E. d'Aquila Luna Hemera Priene

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

De sterrennacht

Por mais eclética e aberta que uma pessoa seja ela sempre terá suas preferências, pois uma hora alguma coisa irá se destacar para ela acima das demais. Bom, em se tratando de pintura nenhuma me encanta mais que "A noite estrelada" (De sterrennacht) do grande e insano pintor Vincent Van Gogh (pronuncia-se "Van Rór").
Pintada em três durante sua estadia no manicômio de Saint-Rémy-de-Provence em 1899 (um ano antes de sua morte) é considerada uma de suas melhores obras. Diria que o fascínio pela noite que compartilho com o autor - "a noite é muito mais viva e colorida que o dia" ele dizia - e também o gosto pelo pós-impressionismo podem explicar em parte meu amor pelo quadro, mas ele tem algo mágico, único, simplesmente divino.
Quem for a Nova York antes de mim por favor passe no "Museum of Modern Art" (MoMA), tire uma foto do quadro e me dê de presente.


Erídamo E. d'Aquila


O made in china de cada dia

Em Portugal costuma-se dizer (leiam com o salgado sotaque lusitano): “No Brasil nada se cria, tudo se copia”. Discordando dos nossos patrícios d'além mar, eu acho que o adequado é “cópia”; sim, “cópia”, uma vez que a palavra de ordem hoje neste é a pirataria.
Não querendo ser moralista - quem nunca comprou uma mercadoria falsificada que atire a primeira pedra – mas vamos combinar que esta fora do controle! Ver filmes piratas é aceitável, bem como comprar aquela tranqueirinha que vai quebrar em cinco minutos só para fazer a alegria dos pequenos e porque não aquele óculos de sol que vai durar um dia só? Mas sinceramente me choco ao ouvir certas pessoas falarem que compraram perfume, maquiagem, tênis e artigos afins na banca debaixo do viaduto.



Meus caros, a coisa “tá feia” para todos mas vamos nos amar um pouquinho,afinal sofrer algum tipo de intoxicação ou problemas ortopédicos destes produtos é não é nada improvável - isso não pensando no pior.
Eu sei eu sei, é absolutamente tentador comprar aquele Made in China feito por um escravo subnutrido em Pequim quase que de graça, mas tomando por base os últimos recalls e o aumento substancial de clínicas de ortopedistas e dermatologistas você deveria pensar duas vezes antes de engolir aquele “muto balato, muto balado” do coreano da 25 de março e gastar um pouquinho mais nas comprar para não gastar depois com médicos. Como dizia nossas avós: o barato pode sair caro.

Erídamo E. d'Aquila

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Quem não gosta do Bial?

Janeiro chegou e como sempre, além do calor africano, nos “brinda” com mais uma edição do famigerado Big Brother Brasil.
Eu sempre quis saber o que leva até mesmo mentes sofisticas a desperdiçar 20 minutos de suas noites espiando cidadãos comuns, fazendo coisas em gerais comuns, em uma casa – com exceção das câmeras – também comum?
Não sou psicólogo, sociólogo ou antropólogo e apenas brinco de adivinho, mas se tivesse que chutar diria que é a necessidade, em alguns doentia, de saber da vida alheia. Nada sobre os personagens das grandes sacanagens políticas, ou sobre o 44º casamento (e futuro divórcio) do seu astro hollywoodiano favorito ou sobre outra coisa qualquer fora de nossa realidade comum, inacessível aos mortais;não, as vezes apenas desejamos aquele gosto bom do suave veneno que é a fofoca. Admita, no fundo todos querem ter uma gossip girl a disposição, e que maneira melhor de fazer isso do que espiar seus semelhantes com um “zilhão” de câmeras, comentar o que viu com os amigos (as) e ainda por cima com a vantagem impar de saber que o objeto da fofoca nunca virá tirar satisfações dos outros?
Não estou aqui para falar de fofoca (ela terá seu espaço no futuro), mas não deixa de ser curioso porque há aqueles que alegam que uma série de problemas são eclipsados por programas como este; que o brasileiro é inculto porque vê este tipo de “porcarias” e, alguns com mania de conspiração, chegam a dizer que este é o circo do “Panis et circus”, a moda dos trópicos. Deus que gente iludida!!!




Meus caros, o BBB dá vazão a uma necessidade humana básica – próxima a de comer e beber – única desses macacos com super-cérebros chamados humanos: a necessidade de saber, mesmo que seja algo fútil como é o caso; ela não cria esta necessidade, ela a explora (como todo bom programa capitalista), só não sei se era a intenção de John de Mol ao criar o programa, mas o fato é que foi isso que aconteceu.
Voltando a alienação social. O brasileiro já era alienado antes do BBB, é alienado durante o BBB e continua alienado depois que ele vai-se embora; a falta de estrutura na educação, a desilusão com as instituições e o próprio complexo de colonizador são razões muito mais plausíveis para explicar nosso desinteresse e até rancor pelos problemas do país.
Talvez a maior razão da popularidade deste Reality Show - bem como de novelas, séries e outros do gênero - seja a “intimidade temporária” que o ser cria com as personagens,uma intimidade paradoxalmente distante, segurança, onde nos aproximamos sem nos comprometer (e automaticamente ser colher o ônus que veem com ela),diferente da intimidade que todos temos com as mazelas desta nação tupiniquim, tão conhecidas que se faz desnecessário lista-las. Como Baltazar Gracian escreveu a vários séculos, “a intimidade gera o desprezo”

Erídamo E. d'Aquila

Cinema: Laranja Mecânica (A Clockwork Orange, 1971)

Cinema é uma paixão para mim. Quer me convidar para alguma coisa? Me convide para ir ao cinema. Nada substitui este pequeno prazer que é sentar em uma poltrona acolchoada, com pipoca do seu lado é uma tela 14m x 21 m na sua frente. E quem gosta de alguma coisa sempre tem uma opinião sobre a mesma, mesmo não sendo ela do quilate de um Rubens Ewald Filho.
Dentre os filmes que vi recentemente chama atenção uma obra-prima e figura certa nas listas dos 1000, 100, 10 filmes que você deve ver antes de morrer: “Laranja Mecânica”.
Sou suspeito para falar sobre um filme dirigido por Kubrick, uma vez que sou fã confesso desse gênio, mas sei que a crítica especializada concorda comigo ao dizer que este foi, provavelmente, seu melhor filme.
Passada em uma Londres num futuro incerto e decrépito, o perfeccionista Kubrick cria aqui uma sátira que explora a violência intrínseca da natureza humana, na maioria oculta e adormecida; regada a humor negro e a ironia.















O anti-herói da história é Alex de Large (Malcolm McDowell) um dos personagens mais marcantes da história do cinema. Viciado em leite drogado (Moloko), Alex espanca, estupra, rouba e mata unicamente por diversão, no que ele chama de “ultra-violência”; em suma é um jovem cínico e cruel, apaixonado por Beethoven. Há uma cena, no inicio em que ele mais seus “drugues” retornam para a “boate” que serve Moloko logo após um estupro; não muito tempo depois uma mulher começa a cantar uma ária da 9ª sinfonia de Beethoven (Ode a Alegria); o sorriso desbocado e o olhar de Alex naquele momento me deram arrepios. Aliás, olhar intimidador e o sorriso cínico desse personagem ao som de clássicos como Beethoven e Rossini é a jóia da coroa desse filme tamanha é a capacidade que este recurso tem de perturbar qualquer um que o assista: o belo e o medonho lado a lado.
Há uma parte no meio do filme, que eu diria à la Foulcault se a obra não fosse mais antiga, em que Kubrick faz uma crítica a solução que a sociedade dá aos seus deliquentes, que consiste basicamente em jogá-los na prisão e deixá-los lá, semi-esquecidos. Todavia, ao contrário do supracitado escritos francês, o diretor não dá uma solução real, ao contrário. Nos apresentando o "Método Ludovico" (um tratamento no mínimo cruel que faz com que a pessoa fique totalmente indefesa com relação a violência do mundo, inclusive se for necessária auto-defesa) ele deseja questionar até aonde podemos ceder em nossas liberdades em prol do bem comum? Como disse um dos personagens “Quando um homem não pode escolher, deixa de ser homem”. Tomando um gancho nesta questão no fim do filme Alex reencontra suas antigas vítimas, havendo aqui uma brilhante comparação o entre os atos atrozes cometidos por Alex pré-tratamento e os das vítimas (simbolizando a sociedade) em relação ao seu passado sujo - uma verdadeira vendeta.
O baixo orçamento do filme contrasta com sua altíssima qualidade e que ninguém pode perder. Chocante, assustador e profundamente reflexivo; o melhor de Kubrick.

Erídamo E. d'Aquila

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Prólogo

Blog hoje virou praticamente lifestyle: Todo mundo tem um, na esperança quase doentia de sair do anonimato, desejando ardentemente conquistar mil seguidores por dia e receber o triplo disso de comentários.
Bem, remando contra a correnteza, nós não somos assim. Nosso objetivo resume-se a arquivar nossas idéias e opiniões, apelando para meios mais modernos que diários e que, ao mesmo tempo, não ocupem a paupérrima memória do computador.
O egocentrismo dos autores deste blog provavelmente os fará crer que o que escreveram é a perfeição da literatura, do jornalismo ou da crítica (e há uma boa chance de ser verdade); todavia, aqueles que discordarem serão bem-vindos a deixar “notas de rodapé” em nossas memórias e certamente receberão uma resposta nova.
Mais um blog entre mil, mas dane-se, é o NOSSO blog.

Erídamo E. d'Aquila Luna Hemera Priene