quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Quem não gosta do Bial?

Janeiro chegou e como sempre, além do calor africano, nos “brinda” com mais uma edição do famigerado Big Brother Brasil.
Eu sempre quis saber o que leva até mesmo mentes sofisticas a desperdiçar 20 minutos de suas noites espiando cidadãos comuns, fazendo coisas em gerais comuns, em uma casa – com exceção das câmeras – também comum?
Não sou psicólogo, sociólogo ou antropólogo e apenas brinco de adivinho, mas se tivesse que chutar diria que é a necessidade, em alguns doentia, de saber da vida alheia. Nada sobre os personagens das grandes sacanagens políticas, ou sobre o 44º casamento (e futuro divórcio) do seu astro hollywoodiano favorito ou sobre outra coisa qualquer fora de nossa realidade comum, inacessível aos mortais;não, as vezes apenas desejamos aquele gosto bom do suave veneno que é a fofoca. Admita, no fundo todos querem ter uma gossip girl a disposição, e que maneira melhor de fazer isso do que espiar seus semelhantes com um “zilhão” de câmeras, comentar o que viu com os amigos (as) e ainda por cima com a vantagem impar de saber que o objeto da fofoca nunca virá tirar satisfações dos outros?
Não estou aqui para falar de fofoca (ela terá seu espaço no futuro), mas não deixa de ser curioso porque há aqueles que alegam que uma série de problemas são eclipsados por programas como este; que o brasileiro é inculto porque vê este tipo de “porcarias” e, alguns com mania de conspiração, chegam a dizer que este é o circo do “Panis et circus”, a moda dos trópicos. Deus que gente iludida!!!




Meus caros, o BBB dá vazão a uma necessidade humana básica – próxima a de comer e beber – única desses macacos com super-cérebros chamados humanos: a necessidade de saber, mesmo que seja algo fútil como é o caso; ela não cria esta necessidade, ela a explora (como todo bom programa capitalista), só não sei se era a intenção de John de Mol ao criar o programa, mas o fato é que foi isso que aconteceu.
Voltando a alienação social. O brasileiro já era alienado antes do BBB, é alienado durante o BBB e continua alienado depois que ele vai-se embora; a falta de estrutura na educação, a desilusão com as instituições e o próprio complexo de colonizador são razões muito mais plausíveis para explicar nosso desinteresse e até rancor pelos problemas do país.
Talvez a maior razão da popularidade deste Reality Show - bem como de novelas, séries e outros do gênero - seja a “intimidade temporária” que o ser cria com as personagens,uma intimidade paradoxalmente distante, segurança, onde nos aproximamos sem nos comprometer (e automaticamente ser colher o ônus que veem com ela),diferente da intimidade que todos temos com as mazelas desta nação tupiniquim, tão conhecidas que se faz desnecessário lista-las. Como Baltazar Gracian escreveu a vários séculos, “a intimidade gera o desprezo”

Erídamo E. d'Aquila

Um comentário:

  1. Eu acredito que as pessoas assistam esse programa para se sentirem melhores em relação a elas próprias... ver alguém ser mais nojento/pior/idiota do que nós faz um bem danado ao ego! Concordo com o que vocês escreveram, absolutamente. Mas uma coisa que me preocupa é o aumento do absurdo fascínio com nossa própria bestialidade. Acho que nenhuma outra geração se sentiu tão feliz em ser entretida com o pior de si mesma.
    Desculpe invadir, mas vi seu comentário no blog do Thunay e não resisti invadir. =P

    ResponderExcluir